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Homenagem simples a Álvaro Sales. 

 

AH ÁLVARO, GANHASTE!...

 

"É habitual, nesta quadra, falar-se de amor, pão e paz para todos, como também do apelo à consciencialização dos cristãos para o tempo de Advento, que a Igreja Católica dedica e quer viver na expectativa da feliz esperança e da vinda do Senhor.

 

A distracção convida-nos à vivência do Mistério da Incarnação (Natalício) numa posição mais material que espiritual, esquecendo-nos, com muita facilidade, que a vinda do Senhor já se operou, aguardando cada um, em sorte, a chamada ao reino. Por isso mesmo se alerta, entre outras parábolas, para que cada um traga consigo o azeite necessário à manutenção das candeias acesas. Os mais diligentes  participarão da festa nupcial.

 

Penso, caro Álvaro, que estás gozando de bela e animada festa e, com a amplitude que a minha fé permite, talvez seja a única vez que te invejo, coisa difícil entre amigos . É por isso que, nesta hora em que mastigamos votos, considero seres um ganhador privilegiado, já que triunfaste com a tua vivência do dia a dia, interiorizando uma série de dramas que te tocaram tão de perto, alguns dos quais comunguei. Sim, Álvaro, lembras-te daquela dor, paredes meias com a miséria, quando o ganha-pão era chamado ao teu novo mundo!? Mas tu eras eclético e também nos tocava um pouco da perna do galo, do toucinho, do presunto ou da beira da orelha, sempre que ornamentavas os locais de convívio dos casamentos. Mas não ficavas por aí e encantaste-nos, a mim em especial, com a tua arte na feitura duma vela votiva, com o brilho do baralho artístico nos reluzentes e reflectores ramos e, pequenino que eu era, já achava encantadores os teus palmitos. E os andores, teu hino à glória suprema!?... Estavas inerte, amigo mas sereno. Visitei-te naquela urna feita cama que também conhecias, por quatro vezes, tantas quantas as estações do ano. Já que nenhum se pode queixar da minha falta no teu lar, doce e acolhedor lar, assiduamente, nos meus tempos de juventude. É que se não havia casamentos  nem funerais, constituíamos um grupo jovem que sabíamos  duma porta aberta, permanentemente aberta, indiferente ao tic-tac do relógio. E então aí, Álvaro, que é que faltava? Os bordos da malga sempre vermelhos e mata-borrão  quanto bastasse (que a atenção a da D. Augusta), à mistura com a nossa irreverência, que só uma alma do tamanho da torre da igreja, como era a tua, podia compreender. E depois, lá vinham as grandes discussões, sempre terminando com as tuas conclusões morais. Discutíveis, por certo, mas sempre com o cunho de cristão com estatura vertical... Hoje, chamavam-te o "teses", desconhecerão os autores a propriedade com que o faziam, pois só uma boa dúzia de jovens que proibiam o silêncio da tua cozinha sabem do bem que elas produziam.

 

Meu bom amigo. Como te atrapalhaste todo, coadjuvado pelo teu filho, Monsenhor Quesado, meu irmão António e outros (Sordo e mais) quando aqueles esbirros não me perdoaram por discutir que o sangue dos meus amigos (na altura o teu sobrinho Vítor, o Albano e tantos outros) não estava destinado às areias africanas! Que tempos, Álvaro que ainda hoje estou por saber como é que o dicionário não foi parar ao índex! É que a palavra pessoa estava lá. Distracção ou ignorância? Era o império, lembras-te? Vá lá, dá-me razão por uma vez, há império que se compare àquele de  que desfrutas agora!?...

 

Vai a longa a conversa, meu velho, mas é uma obrigação minha e homenagem de Santa Marta, através de "Betânea". Na casa que lhe deu o nome, recebia-se tão bem quanto na tua. Também nós nada de exagerado fazemos ao receber-te aqui, sem favor, caro amigo; fino artesão; santamartense por excelência, teses. Abraça a minha mãe a minha irmã Sãozinha, todos os outros conterrâneos e, às crianças as únicas que poderás não conhecer, sorri. Até breve ."

                                                                                   

                                                                                                                                                      

                                                                                                                                                                 NOÉ

Betânea do Lima, Dezembro de 1993

HOMENAGEM A ÁLVARO SALES GOMES - JUNTA FREGUESIA SANTA MARTA PORTUZELO - 2015

 

A grande homenagem prestada pela Junta de freguesia de Santa Marta de Portuzelo aprovada na Assembleia de freguesia de 27 de abril de 2015, a Álvaro Sales Gomes atribuindo o seu nome a uma rua da freguesia é um ato de reconhecimento ao artesão com toda a legitimidade e justifica-se plenamente que a freguesia preste homenagem a quem criou a vela votiva que acrescentou alguma coisa de positivo às tradições de Santa Marta.

 

 - Código postal: 4925-053 | Santa Marta de Portuzelo

 

 

 

 

 

HOMENAGEM AO CENTÉSIMO ANIVERSÁRIO DO SEU NASCIMENTO - 2019

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Homenagem do Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo à Vela Votiva de Santa Marta e ao seu criador, Álvaro Sales Gomes (Natal 2023).

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